Magalhães Costa in Jornal de Notícias -19 Fevereiro 2003

Um achado arqueológico que se configura como um balneário pré-romano foi ontem descoberto na estação de caminhos-de-ferro, em Braga, no âmbito dos trabalhos de renovação daquele terminal.
"Ainda não há certezas, apenas suspeitas", disse Francisco Sande de Lemos, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, entidade que, de momento, procede ao levantamento dos vestígios com mais de três mil anos.
A estrutura arqueológica, que se encontra praticamente intacta, foi detectada nos trabalhos de remoção de terras, na parte norte da estação, e apresenta um conjunto de duas divisões muralhadas de pequena dimensão. Sande Lemos confirma tratar-se de uma estrutura pré-romana, mas de "monumentalidade inferior" comparativamente àquelas já conhecidas, como é o caso da Citânia de Briteiros, no concelho de Guimarães.
Os trabalhos encontram-se suspensos e uma equipa da Unidade de Arqueologia encontra-se já no terreno a proceder a escavações, suspeitando-se que a área envolvente possa conter mais vestígios. Isto porque, segundo Sande de Lemos, "a periferia da cidade tem, na última década, revelado vestígios da época de Bracara Augusta".
No caso concreto da zona da estação, em Maximinos, onde decorrem obras de beneficiação da variante à estrada nacional 14, Sande de Lemos revelou a descoberta de vários caminhos romanos relacionados com a envolvente da antiga cidade de Braga. "Desde o início das obras daquela variante que temos acompanhado os trabalhos de remoção de terras", acrescentou.
A descoberta daquela estrutura arqueológica não vai impedir a continuação dos trabalhos em curso na Estação, pois a REFER, em colaboração com a Unidade de Arqueologia e Câmara Municipal de Braga, articularam já um "plano de acção" no local.

Marta Azevedo, coordenadora no local de uma pequena equipa de arqueólogos , está radiante com a dimensão e bom estado dos vestígios. "Se fosse noutro lado, já estava tudo destruído".
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